quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A importância do pai


Desde a gestação o pai tem um papel fundamental no desenvolvimento do filho. Hoje, comprovadamente, sabe-se que todas as emoções vividas pela mãe na gestação influem diretamente no desenvolvimento da criança. Quando a mãe está feliz, ou triste, nervosa ou tranqüila a criança também recebe esses estímulos, portanto, o pai deve participar ativamente deste período, acompanhando todo o desenvolvimento, as consultas no obstetra, obtendo informações de como será a nova vida com a chegada de um bebê.

Quanto menor a criança, maior é a necessidade de referência e valores. Essa referência sempre estará presente, até a vida adulta, entretanto, nos anos iniciais, os valores discursados e praticados têm um peso significativo. O pai precisa dispor de um tempo efetivo para o filho. Aquele tempinho para contar uma história, rolar no chão e contar as novidades do dia. É preciso exercitar essas atitudes para que efetivamente esse momento seja rico. Se o pai chega em casa, com a cabeça no trabalho, e coloca uma fita para o filho ver e pensa que está fazendo um benefício, pois ele está entretido e feliz, se engana. Aqueles minutos de intimidade são essenciais para criar o vínculo e dar parâmetros de comportamento à criança.

Não se pode mais falar hoje, de um modelo de pai, pois muitos são os tipos de estruturas familiares. Tempos atrás, a família patriarcal era soberana. Bastava ao pai prover autoridade, segurança física e financeira – e pronto, seu papel estava sendo perfeitamente cumprido. Hoje, ainda remanescem algumas famílias patriarcais, mas são poucas. O pai tem procurado participar mais, dividir responsabilidades e prazeres ao lado dos filhos também. E claro, essa é a receita ideal.

A ausência do pai pode trazer conseqüências psicológicas à criança. Se a ausência é definitiva, no caso de morte ou porque o pai não assumiu a paternidade, há que se trabalhar o contexto com a criança desde cedo contando a ela, na linguagem apropriada para a idade, o que aconteceu e como o restante da família enxerga a situação, procurando minimizar o sentimento de rejeição. É sempre muito importante ter uma figura masculina, seja ela um novo companheiro da mãe, um tio, amigo ou avô, para que se tenha o modelo masculino. Quando a criança não tem esse modelo pode passar por situações de não reconhecimento do gênero. Ela não sabe o que é ser menina ou menino, pois não têm parâmetros. É muito comum, principalmente em meninos já que estamos falando da figura do pai, adotarem trejeitos femininos ou até preferências culturalmente femininas, não porque tenham uma opção sexual diferente, o que também pode ocorrer, mas porque simplesmente ele não sabe o que é ser menino ou o que faz um menino.

Para o famoso “pãe”, o conselho é: pais são tão capazes para lidar com a rotina do filho quanto as mães. O ponto mais importante é ter consciência da necessidade do modelo feminino, como dissemos em relação ao masculino. Importantíssimo é não menosprezar a mãe, por mais difícil que tenha sido a separação, se for esse o caso. Há que se pensar na criança. Mães e pais são vínculos eternos. Não se deve "fazer a caveira" do outro, pois elas crescem, são inteligentes e irão certamente fazer comparações e tirar suas conclusões, percebendo os defeitos e qualidades de ambos. Sabemos que uma separação na maioria das vezes não acontece de forma amigável, mas é preciso se conscientizar e não usar as crianças como ferramenta para ferir o outro. Sejam espontâneos e transparentes. Não é preciso recompensas materiais. Curtam os momentos em que estão juntos, riam e se divirtam. Não há melhor receita.

Karen Kaufmann Sacchetto
Pedagoga
Especialista em "Distúrbios de Aprendizagem"
Mestranda em "Distúrbios do Desenvolvimento"
karenks@terra.com.br

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A família aumentou, e agora?

O caçula chegou. Como lidar com o irmão mais velho e integrá-lo com o novo membro da família neste momento delicado?


O segundo filho nasce e, então, surge de fato uma nova realidade. Se durante a gravidez tudo correu tranquilamente com o primogênito, na maternidade e nos primeiros dias com o irmãozinho em casa a história muda e, mais uma vez, as mães se veem em busca de novas estratégias de amparo ao primogênito.

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Levar um presentinho em nome do irmão que acaba de chegar é uma tática comum de muitas mães. Dar um boneco, no caso das primogênitas, para as filhas se familiarizarem com um menino, também acontece. “Apesar de não fazer um mal específico, encher a criança de presentes não ameniza os ciúmes e a rivalidade, que são completamente normais em qualquer ser humano. Estes sentimentos tem que ser expressados pela criança para ela poder suportá-los”, explica Ana Cristina Marzolla, psicóloga e professora doutora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

A amamentação, por exemplo, pode ser um dos momentos mais “dolorosos” para o irmão mais velho. Como nesta hora a mãe dificilmente é capaz de se desdobrar para dar atenção aos dois, é comum as crianças mais velhas sentirem vontades imediatas, como querer fazer xixi ou ficar repentinamente com fome, só para desviar o olhar da mãe. E é comum também a mãe se sentir em uma verdadeira emboscada.

“Para tornar esse momento menos difícil para a Maria, passei a amamentar lendo uma história pra ela, cantando ou mesmo brincando com um joguinho”, conta Karina Pires, mãe de Maria, 3, e de Valentim, dois meses. Ela sempre usou e abusou de elogios para sua primogênita perceber que é tão amada quanto o bebê que acabou de nascer. “Sempre falei coisas do tipo: ‘está vendo, ele precisa usar fralda e você não, olha como você já está mocinha’. Ou ‘tá vendo, você já consegue me dizer o que quer e o Valentim não, a mamãe tem que toda hora adivinhar quais são as vontades dele’. Era uma forma dela se sentir valorizada”, explica a mãe.

Fazer com que o mais velho participe dos cuidados diários do irmãozinho é uma receita quase unânime de sucesso. A advogada Alessandra Alberton, mãe de Iara, 4 e Miguel, 2, sempre solicitou a ajuda de sua pequena para ajudá-la a se sentir inserida naquele novo contexto. “Pegar uma fralda, segurar um algodão, buscar um cotonete, escolher uma roupinha, ajudar no banho. Achei fundamental a Iara se envolver nesse dia-a-dia. Assim ela percebia como era importante para mim”, diz.

Um momento para cada um


Elogios à autonomia dos irmãos mais velhos são realmente eficazes na adaptação do primogênito a esse novo contexto familiar. Mas é importante lembrar que, mesmo sendo o filho mais velho, este primogênito ainda é uma criança muito pequena e requer a mesma dose de carinho e atenção que o irmãozinho. “Eu sempre administrei meu tempo e a rotina para ter pelo menos meia hora só com a Maria. Nesse momento, eu sou só dela. Brinco, assisto a um desenho, leio”, afirma Karina.

Garantir o momento de cada filho também é respeitá-los individualmente. Para a escritora Clarissa Tambelli de Oliveira, mãe de Giorgia, 4 e Heitor, 3, cada filho tem sua “hora” gloriosa. “Os aniversários são um bom exemplo. Quando é o da Giorgia, somente ela ganha presente e festa e tudo mais. E quando é o do Heitor, é a vez dele se sentir especial”, conta.

A chegada de um segundo filho traz novas necessidades e muitas artimanhas para reinstalar um certo equilíbrio na família. Mas algumas regras, sobretudo as que se relacionam diretamente com a educação, devem ser mantidas ainda que os pais sofram um pouco na hora de impô-las. “É muito difícil, pois precisamos dar bronca, por de castigo, continuar o processo que estávamos seguindo. Sabemos que é um momento mais delicado, mas não podemos poupar o primogênito das consequências de atitudes erradas”, argumenta Karina.

“A Iara chegou a dar massinha de modelar para o Miguel comer, sabendo que isso não era certo. Quando vi, fui meio impulsiva e fiquei brava com ela. Sei que foi uma manifestação de ciúmes, mas ela tem que entender o que é permitido e o que não”, conta Alessandra.

Se cada filho é uma história, não adianta colocar um e outro nos diferentes lados da balança em busca de um equilíbrio. E muito menos achar que é possível lidar com os dois filhos da mesma maneira. Segundo os psicólogos, as mães precisam confiar na sua própria percepção. E segundo as mães, quanto antes isso ocorrer, melhor. “Somos nós que ficamos nervosas e ansiosas com a chegada do segundo filho. A melhor dica é tentar ficar calma e não transmitir essas inquietações para o primogênito. Assim, tudo tende a correr tranquilamente”, sugere a mãe Karina.

sábado, 13 de agosto de 2011

Adaptação com a chegada do irmãozinho...

  • Faça todas as grandes mudanças que você planeja fazer na vida de seu primogênito no começo da gravidez, se não tiver tido oportunidade de realizá-las antes de engravidar: matriculá-la na escola - para que tenha um refúgio fora de casa quando o bebê chegar, e não sinta que está sendo expulsa de casa.
  • Ensine-o a usar o banheiro ou desmame-o da mamadeira agora, e não logo após o nascimento do bebê.
    Acostume seu filho a passar um pouco menos de tempo sozinho com você - se você nunca o deixou com uma babá e vai precisar fazê-lo depois que o bebê chegar, comece a deixá-lo com a babá por curtos período durante o dia.
    Se o papai até agora não esteve muito envolvido nos cuidados coma criança, comece a trazê-lo para as rotinas de alimentação, banho e hora de dormir, para que ele possa substituí-la habilidosamente quando você estiver no hospital ou ocupada com o novo bebê.
  • Dê início a atividades regulares de diversão entre o pai e o filho(café-da-manhã fora de casa no domingo, sábado à tarde no parquinho, uma história lida depois do jantar), rituais que podem continuar sendo desfrutados por bastante tempo depois que o bebê nascer.
  • Seja sincera e clara acerca das mudanças físicas pelas quais está passando. Explique que você está cansada ou nervosa porque "fazer um bebê é difícil", e não por estar doente ou cansada dele. Não use a gravidez como desculpa para não pegá-lo no colo. Se você precisar passar mais tempo deitada (a pedido médico) sugira que ele deite ao seu lado e tire uma soneca, ouça uma historinha veja TV com você.
  • Apresente seu filho ao bebê enquanto ele ainda estiver no útero. Mostre-lhe ilustrações próprias a sua idade, do desenvolvimento fetal mês a mês, explique-lhe que, a medida que for crescendo a barriga também crescerá, e que quando for suficientemente grande já estará prontinho para sair. Encoraje-o a sentir com as mãozinhas , o movimento do bebê, mas não o obrigue a isso, se não quiser.
  • Para que seu filho não se sinta um mero figurante no drama da gravidez, leve-o a uma ou duas consulta pré-natais e em especial ao ultra-som. Mas não esqueça de levar ao consultório um lanche, livro ou brinquedo predileto, para o caso de haver uma longa espera.
  • Envolva seu filho em quaisquer preparativos pelas quais ele parecer interessado: a escolha dos móveis, roupas e brinquedos - deixe-o até escolher sozinha uma ou duas coisas baratinhas mesmo que lhe pareçam estranhas. Deixe-o abrir os presentes que cheguem antes do bebê nascer.
  • Familiarize seu filho com os bebê em geral. Mostre-lhe fotos dele quando bebê, diga-lhe como era (não se esqueça de incluir algumas histórias que mostrem o quanto cresceu desde então). Se possível, leve-a a uma maternidade para olhar os recém-nascidos (ela descobrirá que não nascem tão "bonitinhos" quanto os bebê mais velhos). Explique que os bebês não fazem quase anda além de chorar, dormir e mamar, e que por algum tempo não conseguem ser bons companheiros de brincadeiras.
  • Evite dizer coisas como: "Não se preocupe, nós vamos continuar a gostar de você, mesmo com a chegada do novo bebê" - por mais bem intencionadas que seja, tais afirmações podem causar preocupações em seu filho, pode sentir-se incapaz de competir com o bebê.
  • Se você pretende dar o berço dele ao bebê, faça vários meses antes da data prevista para o nascimento. Se o mais velho ainda não tiver condições de dormir em uma cama, compre uma caminha provisória, aquela com grades nas laterais. Ajude-o com a decoração do quarto, e enfatize que está mudando de cama ou quarto porque está crescendo e não porque o bebê está a caminho.
  • Apresente ao seu filho os nomes que você está pensando em dar ao bebê, envolvendo-o nesse processo de escolha. Lembrando, é claro, que a escolha final é sua.
  • À medida que a data de parto estiver se aproximando (e só agora) prepare seu filho para o fato de você precisar passar algum tempo no hospital quando o bebê chegar. Faça-o ajudá-la a arrumar as malas e estimule-o a incluir alguma coisa dele para que você leve consigo. Certifique-se que a pessoa que ficará com ele está completamente familiarizada com sua rotina.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dez razões para deixar a criança brincar

Dez razões para deixar a criança brincar
Por Maria Angela Barbato Carneiro*

Que saudades dos tempos de infância, quando ao final da tarde nos reuníamos, meus amigos e eu, depois de terminadas as tarefas escolares, para brincar na calçada.
Como era bom!...
A sociedade mudou muito rapidamente e com isso podemos nos perguntar, onde estão as crianças de hoje? Quais os espaços que têm para brincar? Com quem e onde brincam?
As cidades cresceram e com ela as crianças foram desaparecendo dos espaços públicos. E os tempos de brincar ficaram cada vez menores. As ruas não têm segurança, as moradias se tornaram menores, e os pais, preocupados com o trabalho, não brincam mais com seus filhos.
Brincar é uma atividade natural da infância, mas não é inato, aprende-se na interação, daí a importância dos espaços e dos tempos para realização da atividade lúdica infantil, além dos companheiros.
Hoje, se pensa que para brincar é necessário brinquedos e, sobretudo, objetos caros, frutos da indústria cultural. No entanto, embora eles tenham a sua importância, não são indispensáveis à realização da brincadeira. Ela pode se ocorrer sem eles, é necessário apenas um pouco de boa vontade e criatividade.
É fundamental que os pais, os professores e os responsáveis pelos pequenos se conscientizem do valor da brincadeira no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança, e que ela não é, como muitos pensam, uma grande perda de tempo. Deixar a criança brincar é dar a ela o direito de usufruir da sua infância.
Poderíamos elencar inúmeras razões para as crianças brincarem, mas neste particular artigo, escolhemos dez que consideramos as mais importantes:
a) Brincando a criança explora o mundo à sua volta estimulando seus sentidos, experimentando e descobrindo;
b) Brincando a criança viaja no mundo imaginário da fantasia, realizando ações e desejos que de outra forma não seria possível;
c) Brincando a criança pode errar e aprender com seus erros, discernindo o que é certo e errado;
d) Brincando a criança descobre coisas interessantes permitindo que esse conhecimento se torne significativo;
e) Brincando a criança aprende regras e com elas seus limites e possibilidades;
f) Brincando a criança desempenha papéis sociais, soluciona problemas, porque a atividade é uma ponte para a realidade;
g) Brincando a criança aprende a competir e cooperar e que, quando perde, o mundo não se acaba;
h) Brincando a criança aprende a se relacionar e desenvolve diferentes linguagens como formas de comunicação e expressão;
i) Brincando a criança constrói seu conhecimento e se torna autônoma; e,
j) Brincando a criança se diverte e, principalmente, aprende a ser mais humana.

* Maria Angela Barbato Carneiro é educadora e professora da PUC/SP. Participou como especialista convidada do Papo de Mãe sobre “adultização”, exibido em 07.08.2011.